César Zílio afirma que foi procurado por Jandir Milan logo que assumiu a Secretaria de Administração
O ex-secretário de Estado de Administração (SAD-MT), César Zílio, recebia propina no banheiro da sala que ocupava na própria sede da SAD-MT, no Centro Político Administrativo, em Cuiabá.
A informação consta da denúncia do Ministério Público do Estado (MP-MT) contra os ex-secretários da SAD-MT- atual secretaria de Gestão e Planejamento (Seplag-MT) -, César Zílio e Pedro Elias, o ex-servidor Bruno Sampaio Saldanha, o coronel PM da reserva, José de Jesus Nunes Cordeiro (ex-secretário-adjunto da SAD-MT), a Ábaco Tecnologia da Informação e seu proprietário, o empresário Jandir Milan.
A denúncia foi assinada pelo promotor Clóvis de Almeida Júnior na última quarta-feira (13). Conforme narra a investigação, César Zílio assumiu a SAD-MT ano de 2011, na gestão do ex-governador Silval Barbosa. Logo que começou a atuar na pasta, Zílio “tomou ciência” de que a Ábaco Tecnologia da Informação – empresa com sede em Cuiabá, especializada na prestação de serviços de TI -, mantinha pelo menos dois contratos com o Governo do Estado, totalizando R$ 7,96 milhões.
“O interrogando se recorda que logo no começo em que assumiu como Secretário da SAD, foi procurado por Jandir Milan, tendo esse (MILAN) feito um pedido para o interrogando não atrasar os pagamentos do Estado referentes ao contrato de Contratação de Serviços de Tecnologia da Informação”, diz trecho da denúncia.
Nesse encontro, segundo constam dos autos, César Zílio teria percebido que Jandir Milan estava disposto a pagar propina para que os pagamentos dos contratos com a Ábaco “não sofressem atraso”. A propina foi denominada no depoimento do ex-secretário da SAD-MT à polícia – que embasou parte da denúncia -, pela palavra “retorno”. O pagamento ilícito era realizado sempre em espécie (dinheiro vivo).
“Após o pedido de Jandir Milan o interrogando entendeu que Jandir falava em retorno, mas não houve acerto de valores; que o pagamento da propina aconteceu na sequência, sempre de forma aleatória e voluntária por parte de Jandir; que Jandir ia até a SAD, sem avisar, sem regularidade, levando ao interrogando as propinas em dinheiro”, relata César Zílio.
Com a possível intenção de evitar registros em vídeo que pudessem colocar o esquema em risco , Jandir Milan deixava a propina num envelope dentro do banheiro da sala ocupada por César Zílio. “Jandir sempre entrava na sala do interrogando e se dirigia até o banheiro, deixando dentro um envelope grande, em espécie, os valores pagos a título de propina feito por Jandir Milan”, revela a denúncia.
O valor da propina não foi detalhado nos autos.
ESQUEMA PARECIDO
Na gestão de Silval Barbosa não foi apenas César Zílio que pegava propina no banheiro. Aliás, ele também entrega valores ilícitos no banheiro do Palácio Paiaguás, ao então governador do Estado.
Zílio fez essa revelação na delação que firmou na Operação Sodoma. Na ocasião, disse que o dinheiro que recebia do empresário Willians Mischur, repassava ao ex-governador. Também para não ser filmado, fazia a entrega no banheiro do Palácio Paiaguás.
DENÚNCIA
O Ministério Público Estadual, por meio do promotor Clóvis de Almeida Junior, ofereceu denúncia contra os ex-secretários de Administração, Cézar Zílio e Pedro Elias Domingos de Mello; o ex-adjunto da pasta, José de Jesus Nunes Cordeiro, o servidor público Bruno Sampaio Saldanha, o empresário e ex-presidente da Fiemt (Federação das Indústrias de Mato Grosso) Jandir José Milan e a empresa Ábaco Tecnologia da Informação Ltda. Eles são acusados de improbidade administrativa.
Na mesma denúncia, o promotor pede o bloqueio de R$ 34.169.476 de Bruno Saldanha, de José Nunes Cordeiro, de Jandir Milan e da Ábaco. Não houve pedido de bloqueio de bens de Zílio e Pedro Elias por conta dos acordos de colaboração premiada que firmaram com o Ministério Público Estadual em que ambos já acertaram a devolução de recursos aos cofres públicos.
A denúncia tem como base o contrato firmado entre o Governo do Estado, na gestão de Silval Barbosa, e a Ábaco. A CGE (Controladoria Geral do Estado) também investigou o contrato e constatou que ele foi fraudado desde o processo licitatório, pois o certame foi criado já com objetivo de favorecer a empresa do ex-presidente da Fiemt.
Fonte:FolhaMax